quinta-feira, 11 de agosto de 2016

HÁ BOATOS QUE ALGUNS TÊM... DONS... Jurema, Onça, Búfalo, Aruã, Sucuri, Iara e Açu: Esquadrão Amazônia!

Criação original do desenhista Joe Bennett nos anos 1990, grupo de heróis baseados em lendas e mitos tipicamente brasileiros ganha uma nova chance via financiamento coletivo, agora em parceria com Alan Yango

Eles também são um esquadrão. E, exatamente como os xarás da DC, os integrantes do Esquadrão Amazônia também são uma equipe um tanto improvável de super-heróis. Pelo menos à primeira vista.

Projeto conjunto dos quadrinistas paraenses Alan Yango e Joe Bennett (que já trabalhou tanto para a Marvel quanto para a DC), trata-se de um gibi independente, que acaba de alcançar a sua meta de financiamento coletivo via Catarse, estrelado por combatentes do mal que atendem por nomes como Jurema, Onça, Búfalo, Aruã, Sucuri e Iara — todos devidamente liderados pelo poderoso índio Açu. “Se os americanos podem nos convencer de que o índio deles pode ser super-herói, por que a gente não pode fazer o mesmo com os nossos?”, explica Joe, no vídeo que divulga o projeto. Olha, para quem se acostumou durante tanto tempo com o Pássaro Trovejante, dos X-Men, dá pra entender que o cara tem um ponto aqui.

A trama começa quando uma gigantesca BIONAVE ingressa na atmosfera terrestre, dirigindo-se à Amazônia brasileira, revelando-se uma ameaça tão grande que um grupo de indivíduos dotados de poderes extraordinários e que viviam no anonimato até o momento decidem se revelar, unindo forças para deter o perigo que ameaça a Terra. “Todos os heróis foram idealizados de modo a retratar características e lendas da nossa região”, reforça Yango, que conheceu Joe em 1989, quando ele ainda trabalhava para editoras nacionais e assinava como Bené Nascimento.

O Esquadrão Amazônia é, na verdade, um conceito antigo, criação de Joe com mais de duas décadas mas que acabou vindo à público no começo dos anos 2000. A estreia, no entanto, foi PITORESCA: contratado por uma agência de publicidade do Pará para criar uma cartilha educacional para a finada operadora de telefonia Amazônia Celular, o desenhista fugiu do lugar comum e criou uma história de super-heróis.

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A primeira versão do Esquadrão

Ao longo de 20 páginas, a trama apresenta cada um dos personagens, enfrentando vilões que pretendem acabar com a natureza fazendo uso de serviços como Caixa Postal e Chamada em Espera. Para quem tem curiosidade, dá pra baixar a relíquia bem aqui.

“Os personagens caíram no gosto do público e era frequente o Joe ser questionado se algum dia eles voltariam, mas os compromissos dele com as editoras do mercado americano, para as quais trabalha, sempre impediam que ele desenvolvesse algum projeto relacionado à equipe”, explica Alan. Mas aí, em um papo sobre projetos paralelos, pintou a conversa sobre este “reboot” do Esquadrão, um reinício que acaba sendo uma espécie de união de dois universos de heróis.

Um dos responsáveis, ainda que indiretamente, pelo surgimento do grupo de heróis é ninguém menos do que o Poderoso Maximus, personagem meio Super-Homem/Shazam que o próprio Alan vem publicando por conta própria já há algum tempo e cujos poderes são ORIUNDOS de um certo Medalhão do Sol.

“A história do Esquadrão é o pontapé inicial deste projeto”, conta Alan, lembrando que o foco da arte/roteiro é seguir por um lado menos “ação sem limites”, bem menos exagerado como eram os gibis de heróis dos anos 1990 e ir para uma coisa mais pé no chão, mais “realista”, no limite do possível.

O tal projeto, na verdade, é bastante ambicioso. Depois de colocar na rua a primeira revista com 40 páginas, colorida, formato americano e capa cartonada, preferencialmente durante a Comic Con de São Paulo, em dezembro, a dupla pretende concluir o primeiro arco com uma segunda edição, também a ser financiada pela galera.

13702463_10207211290865251_675713405_oCaso eles sintam que a iniciativa está começando a ter certa aceitação, vão arregaçar as mangas e passar (ou tentar) a publicar o Esquadrão Amazônia regularmente, em bancas/lojas especializadas. “Queremos revolucionar o modo de fazer quadrinhos de heróis no Brasil, mostrando que podemos fazer uma revista que não deixa nada a dever para as que vem de fora”, afirma Alan.

A dupla trabalha no velho esquema da Marvel. “A ideia original da história foi minha, bem mais simples, o Joe a transformou em algo mais grandioso. Discutimos acerca do roteiro, ele desenha um rafe [rascunho] das páginas e eu vou jogando o texto em todas”. A dupla conta ainda com a ajuda do desenhista assistente Allan Patrick e do arte-finalista Márcio Loerzer.

Alan volta a insistir que, sim, super-heróis podem funcionar muito bem no Brasil. “Isso não é exclusividade dos americanos, eles apenas souberam explorar inteligentemente o filão. Heróis nesse sentido já eram encontrados na mitologia antiga de vários povos ao redor do mundo, então, onde está a originalidade disso?”.

Ele ainda lembra que a própria Marvel foi se inspirar tanto na mitologia nórdica (Thor) quanto na grega (Hércules) para criar seus heróis. E isso lembrando apenas de dois proeminentes integrantes dos Vingadores.

E por falar na Marvel... “Quem sabe algum dia uma produtora se interessa em levar os nossos heróis para as telas, ainda que em forma de animação? Mas aqui no Brasil é complicado, embora não impossível”, diz, com uma pontinha de esperança. “Por ora, preferimos não dar um passo maior que as pernas e nos dedicamos ao que podemos (e sabemos) fazer: histórias em quadrinhos. Batalhando para um quadrinho nacional forte e para entregar ao público leitor uma HQ de qualidade”.

FONTE: JUDÃO (Thiago Cardim - 10.08.2016)

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