Índios da etnia da Rikbaksta na cerimônia de encerramento da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas (Olinda PE). Foto: alter Campanato/ABr para Agência Brasil.
Para desenvolver a atividade, professor apoiou-se na análise de um livro didático utilizado em sua escola, da rede pública do Tocantins, e em questionário aplicado com os alunos de uma turma do 7º ano. Antes e depois da experiência revela mudanças no plano do imaginário.
Quando ensinam a história dos povos indígenas, professores e professoras possuem um recurso e tanto nas mãos: a imagem. Essa é a principal mensagem do professor Jorge Ferreira Lima em seu trabalho de conclusão de curso do ProfHistória, “O indígena no livro didático: possibilidades e desafios no uso da linguagem imagética no Ensino de História”, defendido em 2016 na Universidade Federal do Tocantins.
A Miss Brasil 2021, Elâine Souza, 21, primeira indígena a vencer a competição. (Foto: Reprodução/YouTube)
Pela primeira vez na história, o concurso Miss Brasil elegeu uma mulher indígena para ocupar o posto mais alto da disputa de beleza. A vencedora da edição de 2021 foi a estudante alagoana de psicologia Elâine Souza, 21 anos, que é da etnia Katokinn. Em entrevista a Universa, ela falou sobre a vitória e os desafios neste percurso: “Senti na pele os preconceitos”.
Os retornos negativos e alguns episódios de racismo começaram depois que a jovem ganhou o concurso em Alagoas, em outubro deste ano. Ela chegou a ouvir comentários de que “não era indígena de verdade”, por ter um padrão de beleza não comum, por também conviver na área urbana da cidade, além de ter uma rotina na faculdade. “Tive que ouvir piadinhas como: ‘índio tem que ficar em oca’, ‘não sabia que índio tinha celular e internet'”, conta.
Flagellum Amāzonis II: A Mãe Serpente do Mundo e Senhoras do Pássaro da Noite são os dois novos lançamentos da Devir Livraria para o RPG de A Bandeira do Elefante e da Arara: são duas aventuras prontas que vocês podem conferir a seguir!
Flagellum Amāzonis, ou “O Flagelo da Amazônia”, é a segunda parte de uma aventura que será finalizada em cinco edições. A primeira parte, A Ilha Abandonada, começa com um grupo de aventureiros saindo de Salvador até a ilha de Marinatambal (moderna Marajó) para investigar a falta de notícias de um forte português, que acaba descobrindo eventos anormais que colocariam em risco toda a colônia. Ela termina com o grupo se preparando para empreender a maior jornada de suas vidas: explorar o Grande Rio, Amaru Mayu, A Mãe Serpente do Mundo, também conhecido como Rio das Amazonas. Esta segunda parte, descreve o início desta jornada e as aventuras que ocorrem durante este percurso. Não é necessário ter jogado Flagellum Amazonis 1: A Ilha Abandonada para desfrutar desta aventura.
O Prêmio Jabuti é a premiação mais tradicional da literatura no Brasil. Ele é concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e foi criado em 1959. Em sua mais recente edição, “Ajuricaba” quadrinho amazonese, publicado de forma independente pelo Estúdio Black Eye, é um dos indicados na categoria Histórias em Quadrinhos.
A obra tem roteiro e criação de Ademar Vieira, ilustrações de Jucylande Jr., arte-final de Tieê Santos e capa de Ana Valente.
Em 2017 o mineiro que morou em Belém (PA), Gidalti Jr., fez história com a HQ “Castanha do Pará” ao ser o vencedor da categoria no ano em que ela foi criada. Agora mais uma obra produzida no Norte é indicada ao prêmio, justamente num dos momentos mais agitados para o cenário nortista.
O grupo que forma o Estúdio Black Eye lançou a obra em 2020 e já coleciona boas críticas e indicações para prêmios (Trófeu HQMIX). A HQ também chegou a algumas das principais comic shops do país e é considerada um divisor de águas para o cenário amazonense por conta do alcance e da boa receptividade.
“Vejo essa indicação como algo que vai além de uma conquista pessoal, porque Ajuricaba é um ícone da cidade Manaus e acredito que compartilho a alegria com todos os manauaras. Eu vejo isso como o reconhecimento da importância dessa personalidade histórica que é o Ajuricaba e que o público do Brasil ainda não conhece. Espero que com essa indicação as pessoas fiquem curiosas sobre a nossa história e fiquem sensíveis à luta de Ajuricaba e dos povos indígenas do Brasil”, comenta Ademar Vieira, roteirista da obra.
Com a indicação “Ajuricaba” se torna o primeiro quadrinho amazonense a concorrer ao prêmio, o que confirma a tendência de expansão da produção local e o processo de descentralização, não só dos quadrinhos, mas da arte em todo o país.
“Sinto muito orgulho de ter participado dessa obra. Um desafio proposto pelo Ademar e uma experiência única, onde aprendemos muito com os obstáculos de se fazer uma obra desse tamanho, mas nunca desistimos e agora alcançamos um novo marco como artistas”, afirma Tieê Santos, arte-finalista de Ajuricaba.
Confira a lista completa de indicado ao 63º Prêmio Jabuti aqui.
Material foi produzido por professoras indígenas da aldeia Tapirema, em Peruíbe. Livro ainda não foi publicado por falta de recursos.
Por Maria Eduarda Nascimento, g1 Santos - 13/11/2021 06h16
Guaciane é liderança na aldeia Tapirema e professora há nove anos — Foto: Arquivo Pessoal/Guaciane Gomes
Preocupadas com a alfabetização de crianças indígenas, quatro professoras se uniram para criar um livro didático em tupi-guarani na aldeia Tapirema, em Peruíbe, no litoral paulista. Segundo Guaciane Gomes, que é liderança na comunidade e há nove anos dá aula para indígenas, a falta de materiais para ensinar os mais novos dificulta não só o aprendizado, mas também a aproximação com a cultura. Um dos receios de Guaciane é que a língua se perca pela falta de suporte e incentivo.
O estúdioBlack Eyelança no próximo dia 26, a HQ “Mística Amazônia”, uma aventura voltada ao público juvenil e inspirada no povo manao e em lendas amazônicas. A produção, em cores e formato pequeno, conta a saga do guerreiro manao,Maucky, que se torna o guardião de seu povo contra as ameaças do mundo místico, usando para isso oTacape de Ghüa, uma arma com poderes sobrenaturais.
Tieê Santos, que recentemente foi indicado a duas grande premiações nacionais, o Troféu HQMix e o prêmio Jabuti de Literatura, por seu trabalho na HQ “Ajuricaba”, também do estúdio Black Eye, assina a arte. O roteiro ficou por conta de Raphael Russo, estreando como roteirista nos quadrinhos do estúdio.
A loja virtual @pedracortante está disponibilizando a HQ que conta a origem da heroína indígena "Itacira, a justiceira". Confira a chamada abaixo feita pelo Facebook (BP):
Ilustração para o livro Doze Lendas Brasileiras, de Clarice Lispector - Arte. Suryara
As lendas indígenas brasileiras são marcadas por histórias que tratam da natureza e da origem das coisas, sempre cercadas de elementos místicos. São contos tão encantadores que até mesmo escritores como Clarice Lispector, Câmara Cascudo e Walcyr Carrasco já se debruçaram sobre eles. Aqui reunimos três fábulas indígenas que trazem essa visão de mundo – e que certamente vão levar muita conversa para dentro da sala de aula. Confira:
A diversidade musical das comunidades indígenas do norte do Amazonas e do Estado de Roraima foi reunida em uma inédita e rica coletânea. São quase quatro horas de 80 faixas musicais de vários grupos indígenas.
Você é um curioso por novos ritmos e gêneros musicais? Se sim, vale a pena conhecer projeto que foi realizado no norte do Amazonas e do Estado de Roraima. Lá foram reunidas músicas indígenas que deram origem a uma rica coletânea musical. O trabalho é resultado do projeto intitulado “A Música das Cachoeiras”, do grupo Cauxi Produtora Cultural.
São quase quatro horas de música e cerca de 80 faixas de grupos indígenas das etnias baniwa, wapichana, macuxi e taurepang. O nome é uma referência às correntezas e cachoeiras da bacia do Alto rio Negro, no Amazonas.
O projeto é um “registro etnográfico audiovisual”, no qual o principal foco é a música. O acervo completo do projeto para download está disponível no canal do projeto A música das cachoeiras no soundcloud.
Jogo mostra a história de Guaraci, o deus sol que vive um romance com a indígena Êêma, do povo Sateré-Mawé (Ilustração: Leon Sarmento/Especial para a Cenarium)
MANAUS (AM) – Em homenagem à cultura amazônica, à mitologia indígena e ao folclore brasileiro, amazonenses pretendem lançar, em dezembro deste ano, o jogo de RPG “Ubiratã”. O game mostra o conto de Guaraci, o deus sol que, mesmo casado com a deusa da lua, Jaci, vive um romance escondido com Êêma, uma indígena de beleza encantadora do povo Sateré-Mawé. Segundo a lenda, Guaraci e Êêma têm uma filha chamada Baômi, que cresce como uma criança prodígio e descobre na juventude os poderes semideuses.
Baômi, filha de Êêma, do povo Sateré-Mawé, enfrentando o Mapinguari. Matinta Pereira, ao fundo, aparece vindo da neblina (Ilustração: Leon Sarmento/Especial para a Cenarium)
O jogo é acompanhado de um livro, resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Design Gráfico do ilustrador Leon Sarmento, feito em parceria com mais três pessoas: Brau Saraiva, que roteirizou e criou o sistema do jogo, e o casal Felliphe Wesllen Lima Corrêa e Amanda Pereira Morais, que já possuíam as ideias sobre o conceito dos personagens e criaturas, além de uma lojinha virtual.
Nesta sexta-feira (23/7), será lançado o projeto de financiamento coletivo na plataforma Catarse para publicação do livro YVY – Mistérios da Terra. Trata-se de uma graphic novel de ficção e fantasia, ambientada nas missões jesuítico-guaranis do século XVIII. A publicação reúne três histórias da personagem protagonista, a índia missioneira Eva, com roteiros e artes de Rafael Martins da Costa e Ricardo Fonseca.
Os valores das recompensas variam de R$20,00 a R$240,00, conforme a modalidade de apoio, sendo que o custo base para adquirir o livro impresso é R$40,00. A meta para publicação é de R$ 5.500,00.
“Contar histórias tendo como tema os povos indígenas brasileiros era um anseio nosso quando começamos a pensar nesse projeto. O desafio de não cair em estereótipos e generalizações nos motivava. Em 2015, após uma viagem de turismo à São Miguel das Missões, no noroeste do Rio Grande do Sul, a ideia surgiu: criar narrativas ficcionais que envolvam as missões jesuítico-guaranis. Desde então, comecei a discutir com meu amigo Ricardo a possibilidade de criar uma história em quadrinhos nessa temática”, conta Rafael.
“YVY Mistérios da Terra”/Divulgação
Em 2017, Rafael e Ricardo começaram a publicar YVY – Mistérios da Terra, em um blog. No total, foram três episódios e quase 60 páginas, que eles terminaram de postar nos primeiros meses de 2020. Agora, os dois contam com o financiamento coletivo para a publicação dos quadrinhos. Além disso, como meta estendida, eles pretendem fazer uma doação à comunidade Mbya Guarani Kaaguy Porã, em Maquiné (RS).
Acesse o financiamento coletivo aqui, e saiba mais sobre o projeto no Facebook.
Material estreia como parte da programação do festival online m-f-v reloaded (Foto: Divulgação)
À parte de narrativas que usam a língua portuguesa como fio condutor, o cantorKunumi MC, cada vez mais conhecido por entregar uma fusão de música pop, rap e cultura tradicional indígena, trabalha agora em canções que visam resgatar a espiritualidade e a sacralidade dos cânticos guaranis. O objetivo é fazer uma ponte entre arte e medicina sagrada.
Após participar de incontáveis rituais de cura através da ayahuasca, cerimônia onde a música tem um papel fundamental, Kunumi dá mais um passo em sua jornada criativa. Nesta semana, dentro da programação do festival online m-v-f releoaded, o cantor estreia o clipe da faixa “Jaguatá Tenondé”. O evento é gratuito.
A princípio, a canção interpretada ao violão com acordes característicos de músicas da etnia mbyá guarani, ganha uma pré-estreia no dia 29 de abril, às 22h15. O lançamento oficial em streaming, por sua vez, acontece no dia 30 – quando faixa e clipe ficam disponíveis em todos os tocadores. Abaixo, você confere uma prévia do clipe, animação dirigida por Dejumatos.
O artista
A primeira grande aparição pública do artista, você deve se lembrar, aconteceu na abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014, realizada no Brasil. À ocasião, Kunumi levantou uma faixa com os dizeres “Demarcação Já”. Aos 19 anos, ele tem dois discos já lançados: o EP “My Blood is Red” (2017) e o LP “Todo Dia é Dia de Índio” (2018).
O rapaz também se dedica à carreira de escritor, tendo dois livros já lançados. Nesta nova fase, o spoiler mor gira em torno do desejo de Kunumi se lançar como cantor e compositor das próprias criações. Ouça mais no streaming.
A história em quadrinhos (HQ) produzida por Ivan de Souza retrata, de forma pioneira, a língua indígena de sinais utilizada pelos surdos da etnia terena. A obra tem o propósito de fortalecer o reconhecimento e a preservação das línguas de sinais indígenas e é apresentada em formato plurilíngue, sinalizada também na Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A comunicação por meio da língua materna é importante pois ajuda a manter viva a cultura, a identidade e a história dos povos indígenas. Nas aldeias da etnia terena, localizadas principalmente no estado de Mato Grosso do Sul, a língua oral terena é amplamente utilizada. Os surdos dessa etnia também se comunicam com sinais diferentes dos pertencentes ao sistema linguístico utilizado pelos surdos no Brasil (Libras). Após diversas pesquisas, especialistas concluíram que esses sinais constituem um sistema autônomo, chamado língua terena de sinais.
O Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos ou Dia do Quadrinho Nacional é comemorado anualmente em 30 de janeiro. A data tem o objetivo de valorizar, enaltecer e reconhecer as histórias em quadrinhos brasileiras enquanto gênero literário.
Sol: a pajé surda ou Séno Mókere Káxe Koixómuneti, em língua terena, conta a história de uma mulher indígena surda anciã chamada Káxe que exerce a função religiosa de pajé (Koixómuneti) em sua comunidade. Ao ser procurada para auxiliar em um parto e após pedir a benção dos ancestrais para o recém-nascido, o futuro do povo terena é revelado e transmitido a ela em sinais. “A história mostra um pouco da rica cultura desse povo, as situações, consequências e resistência após o contato com o povo branco”, revela Souza.
O trabalho de conclusão do curso de licenciatura em Letras Libras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) teve início em 2017, quando o estudante pesquisava a história dos surdos no Paraná, na iniciação científica. Todo o processo teve acompanhamento de pesquisadoras que já desenvolviam atividades com os terena surdos, usuários da língua terena de sinais. A comunidade indígena também teve participação ativa no desenvolvimento e depois, na validação da obra junto ao seu povo.